DOEAM 07/02/2023 - Diário Oficial do Estado do Amazonas - Tipo 1

                            DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS 
Manaus, terça-feira, 07 de fevereiro de 2023 3
E
scavações realizadas no município de São 
Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros 
de Manaus) revelaram fragmentos arque-
ológicos, que apontam a presença de povos 
indígenas na região há pelo menos 2 mil anos. 
O trabalho teve a participação de alunos de Ar-
queologia da Universidade do Estado do Ama-
zonas (UEA) e foi coordenado pelo Programa 
Arqueológico Intercultural do Noroeste Ama-
zônico (Parinã).
O material recolhido se encontra atualmente 
no Museu da Amazônia (Musa), para a identi-
ficação das peças. Após a análise do material, 
será possível traçar um histórico dos povos que 
habitaram a região do Alto Rio Negro, que hoje 
abriga a cidade mais indígena do Brasil, onde 
vivem 23 etnias.
Os vestígios foram encontrados nas esca-
vações feitas em dois locais: na praça da dio-
cese de São Gabriel da Cachoeira e no quintal 
do Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade (ICMBio). Durante a coleta, uma 
quantidade significativa de objetos foi retirada, 
especialmente de fragmentos de cerâmica e 
material lítico.
Vinte e dois alunos indígenas da UEA de São 
Gabriel da Cachoeira realizaram as coletas dos 
materiais e acompanharam todo o processo, 
desde o início até o fim da escavação. Eles fazem 
parte das etnias Baré, Baniwa, Tukano, Piratapuia 
e Tariana, e estão na fase de conclusão do curso 
de Arqueologia no município, iniciado em 2018. 
Participaram das escavações profissionais do 
Musa; Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); 
University College London (UCL); Universidade 
Federal de São Carlos (UFSCar), além de outros 
colaboradores. A maioria dos pesquisadores en-
volvidos tem ampla trajetória na região do Alto 
Rio Negro que, segundo eles, abriga um vasto 
sítio arqueológico com terra preta e fragmentos.
Segundo a diretora do Centro de Estudos Su-
periores de São Gabriel da Cachoeira (CESSG), 
professora doutora Solange do Nascimento, 
as atividades com a colaboração do curso de 
Arqueologia ganharam abrangência interna-
cional, o que evidencia a qualidade do ensino 
da UEA. “Esse trabalho irá fomentar pesquisas 
mundo afora. Será importantíssimo para que 
possamos contar a história desses povos, e a 
UEA está presente nesse processo, em parceria 
com o Parinã”.
Odanilde Escobar, da etnia Baré, conta que o 
curso de Arqueologia despertou nela o desejo 
em adquirir ainda mais conhecimento. Ela foi 
aprovada no curso de Mestrado para atuar no 
Museu Emílio Goeldi, no Pará. “A cada peça, a 
cada achado, eu me sentia privilegiada por po-
der ver e tocar uma herança dos meus ances-
trais. Fez com que eu quisesse entender, cada 
vez mais, o meu passado”, completou.
Parceria
O Parinã atua em diversas frentes, entre elas 
a antropológica, histórica e arqueológica, na 
perspectiva de integração dessas diferentes 
áreas do conhecimento, junto ao saber tradi-
cional indígena. A primeira escavação do pro-
grama em São Gabriel da Cachoeira ocorreu 
em 2018. As escavações em parceria com a 
UEA foram realizadas durante o mês de julho 
de 2022, como forma de disciplina de campo 
do curso de Arqueologia.
Após o processo de limpeza e remontagem 
do material que está sendo realizado no Musa, 
a equipe do Parinã irá levar, ainda no mês de 
fevereiro, parte dos objetos encontrados a São 
Gabriel da Cachoeira, com o objetivo de mon-
tar uma exposição com os resultados do traba-
lho para a comunidade local.
Escavação mostra ocupação indígena 
no Amazonas há mais de 2 mil anos
Divulgação
Com colaboração de alunos 
indígenas da UEA, trabalho foi 
realizado em São Gabriel da 
Cachoeira, região do Alto Rio 
Negro
Atividade resultou na coleta de quantidade 
significativa de objetos, especialmente de 
fragmentos de cerâmica e material lítico
VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃO

                            

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