DOU 17/07/2024 - Diário Oficial da União - Brasil

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Nº 136, quarta-feira, 17 de julho de 2024
ISSN 1677-7042
Seção 1
AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
CONSELHO DIRETOR
RESOLUÇÃO CD/ANPD Nº 18, DE 16 DE JULHO DE 2024
Aprova 
o 
Regulamento 
sobre
a 
atuação 
do
encarregado pelo tratamento de dados pessoais.
O CONSELHO DIRETOR DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
(ANPD), no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto nos arts. 41, § 3º e 55-
J, inciso XIII, da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, bem como a deliberação tomada
nos autos do processo nº 00261.000226/2022-53, resolve:
Art. 1º Fica aprovado o Regulamento sobre a atuação do encarregado pelo
tratamento de dados pessoais, na forma do Anexo desta Resolução.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
WALDEMAR GONÇALVES ORTUNHO JUNIOR
Diretor-Presidente
ANEXO
REGULAMENTO SOBRE A ATUAÇÃO DO ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Este
Regulamento estabelece normas complementares
sobre a
indicação, a definição, as atribuições e a atuação do encarregado, de que trata a Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018.
Art. 2º Para fins deste Regulamento adotam-se as seguintes definições:
I - agentes de tratamento: o controlador e o operador;
II - conflito de interesse: a situação que possa comprometer, influenciar ou
afetar, de maneira imprópria, a objetividade e o julgamento técnico no desempenho das
atribuições do encarregado;
III - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a
quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;
IV - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou
identificável;
V - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como
canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional
de Proteção de Dados (ANPD);
VI - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que
realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador;
VII - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são
objeto de tratamento; e
VIII - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, como as que se
referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação,
avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou
extração.
CAPÍTULO II
DOS AGENTES DE TRATAMENTO
Seção I
Da Indicação do Encarregado
Art. 3º A indicação do encarregado deve ser realizada por ato formal do agente
de tratamento, do qual constem as formas de atuação e as atividades a serem
desempenhadas.
§ 1º Entende-se por ato formal o documento escrito, datado e assinado, que,
de maneira clara e inequívoca, demonstre a intenção do agente de tratamento em
designar como encarregado uma pessoa natural ou uma pessoa jurídica.
§ 2º O documento referido no caput deverá ser apresentado à ANPD, quando
solicitado.
§ 3º Os Agentes de Tratamento de Pequeno Porte dispensados de indicar
encarregado devem disponibilizar um canal de comunicação com o titular de dados, nos
termos do art. 11 do Regulamento de aplicação da LGPD para Agentes de Tratamento de
Pequeno Porte, aprovado pela Resolução CD/ANPD nº 2, de 27 de janeiro de 2022.
Art. 4º Nas ausências, impedimentos e vacâncias do encarregado, a função será
exercida por substituto formalmente designado.
Parágrafo único. As situações referidas no caput não poderão consistir em
obstáculos para o exercício dos direitos dos titulares ou para o atendimento às
comunicações da ANPD.
Art. 5º As pessoas jurídicas de direito público referidas no art. 1º, parágrafo
único, da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, deverão indicar encarregado quando
realizarem operações de tratamento de dados pessoais, recaindo a indicação,
preferencialmente, sobre servidores ou empregados públicos detentores de reputação
ilibada.
§ 1º A indicação deverá ser publicada em Diário Oficial da União, do Estado, do
Distrito Federal ou do Município, a depender da esfera de atuação do agente de
tratamento.
§ 2º
Entes despersonalizados da
Administração Pública
que detenham
obrigações típicas de controlador poderão indicar encarregado próprio, considerando o
contexto e o volume dos tratamentos de dados pessoais realizados e a necessidade de
desconcentração administrativa, observadas as obrigações previstas neste Regulamento.
§ 3º A indicação de encarregado nos termos do § 2º faz presumir sua
competência sobre toda a estrutura organizacional subordinada ao órgão, exceto em caso
de ressalva expressa no ato de indicação.
Art. 6º A indicação de encarregado por operadores é facultativa e será
considerada política de boas práticas de governança para fins do disposto no art. 52, § 1º,
inciso IX, da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, e no art. 13, inciso II, do anexo da
Resolução CD/ANPD nº 4, de 24 de fevereiro de 2023, desde que observadas as normas
deste Regulamento.
Art. 7º Cabe ao agente de tratamento estabelecer as qualificações profissionais
necessárias para o desempenho das atribuições do encarregado, considerando seus
conhecimentos sobre a legislação de proteção de dados pessoais, bem como o contexto,
o volume e o risco das operações de tratamento realizadas.
Seção II
Da Identidade e das Informações de Contato do Encarregado
Art. 8º O agente de tratamento deverá divulgar e manter atualizadas a
identidade e as informações de contato do encarregado.
Art. 9º A identidade e as informações de contato do encarregado deverão ser
divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, em local de destaque e de fácil acesso,
no sítio eletrônico do agente de tratamento, ressalvada a hipótese do § 3º deste
artigo.
§ 1º A divulgação da identidade do encarregado abrangerá, no mínimo:
I - o nome completo, se for pessoa natural; ou
II - o nome empresarial ou o título do estabelecimento, bem como o nome
completo da pessoa natural responsável, se pessoa jurídica.
§ 2º A divulgação das informações de contato do encarregado abrangerá, no
mínimo, os dados referentes aos meios de comunicação que viabilizem o exercício dos
direitos dos titulares junto ao controlador e possibilitem o recebimento de comunicações
da ANPD.
§ 3º O agente de tratamento que não possuir sítio eletrônico poderá realizar a
divulgação da identidade e das informações de contato do encarregado por quaisquer
outros meios de comunicação disponíveis, especialmente aqueles usualmente utilizados
para contato com os titulares.
Seção III
Dos Deveres dos Agentes de Tratamento
Art. 10. O agente de tratamento deverá
I - prover os meios necessários para o exercício das atribuições do encarregado,
neles compreendidos, entre outros, recursos humanos, técnicos e administrativos;
II - solicitar assistência e orientação do encarregado quando da realização de
atividades e tomada de decisões estratégicas referentes ao tratamento de dados
pessoais;
III - garantir ao encarregado a autonomia técnica necessária para cumprir suas
atividades, livre de interferências indevidas, especialmente na orientação a respeito das
práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais;
IV - assegurar aos titulares meios céleres, eficazes e adequados para viabilizar
a comunicação com o encarregado e o exercício de direitos;
V - garantir ao encarregado acesso direto às pessoas de maior nível hierárquico
dentro da organização, aos responsáveis pela tomada de decisões estratégicas que afetem
ou envolvam o tratamento de dados pessoais, bem como às demais áreas da
organização.
Art. 11. O agente de tratamento é o responsável pela conformidade do
tratamento dos dados pessoais, nos termos da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018.
CAPÍTULO III
DO ENCARREGADO
Seção I
Das Características
Art. 12. O encarregado poderá ser:
I - uma pessoa natural, integrante do quadro organizacional do agente de
tratamento ou externo a esse; ou
II - uma pessoa jurídica.
Art. 13. O encarregado deverá ser capaz de comunicar-se com os titulares e
com a ANPD, de forma clara e precisa e em língua portuguesa.
Art. 14. O exercício da atividade de encarregado não pressupõe a inscrição em
qualquer entidade nem qualquer certificação ou formação profissional específica.
Seção II
Das Atividades e das Atribuições
Art. 15. As atividades do encarregado consistem em:
I - aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar esclarecimentos e
adotar providências cabíveis;
II - receber comunicações da ANPD e adotar providências;
III - orientar os funcionários e os contratados do agente de tratamento a
respeito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais; e
IV - executar as demais atribuições determinadas pelo agente de tratamento ou
estabelecidas em normas complementares.
Parágrafo único. Ao receber comunicações da ANPD, o encarregado deverá
adotar as medidas necessárias para o atendimento da solicitação e para o fornecimento
das informações pertinentes, adotando, entre outras, as seguintes providências:
I - encaminhar internamente a demanda para as unidades competentes;
II - fornecer a orientação e a assistência necessárias ao agente de tratamento; e
III - indicar expressamente o representante do agente de tratamento perante a
ANPD para fins de atuação em processos administrativos, quando esta função não for
exercida pelo próprio encarregado.
Art. 16. Cabe, ainda, ao encarregado, nos termos do art. 10, inciso II, deste
Regulamento, prestar assistência e orientação ao agente de tratamento na elaboração,
definição e implementação, conforme o caso, de:
I - registro e comunicação de incidente de segurança;
II - registro das operações de tratamento de dados pessoais;
III - relatório de impacto à proteção de dados pessoais;
IV - mecanismos internos de supervisão e de mitigação de riscos relativos ao
tratamento de dados pessoais;
V - medidas de segurança, técnicas e administrativas, aptas a proteger os dados
pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição,
perda, alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado ou ilícito;
VI - processos e políticas internas que assegurem o cumprimento da Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018, e dos regulamentos e orientações da ANPD;
VII - instrumentos contratuais que disciplinem questões relacionadas ao
tratamento de dados pessoais;
VIII - transferências internacionais de dados;
IX - regras de boas práticas e de governança e de programa de governança em
privacidade, nos termos do art. 50 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018;
X - produtos e serviços que adotem padrões de design compatíveis com os
princípios previstos na LGPD, incluindo a privacidade por padrão e a limitação da coleta de
dados pessoais ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades; e
XI - outras atividades e tomada de decisões estratégicas referentes ao
tratamento de dados pessoais.
Art. 17. O desempenho das atividades e das atribuições dispostas nos arts. 15
e 16 não confere ao encarregado a responsabilidade, perante a ANPD, pela conformidade
do tratamento dos dados pessoais realizado pelo controlador.
Seção III
Do Conflito de Interesse
Art. 18. O encarregado deverá atuar com ética, integridade e autonomia
técnica, evitando situações que possam configurar conflito de interesse.
Art. 19. O encarregado poderá acumular funções e exercer as suas atividades
para mais de um agente de tratamento, desde que seja possível o pleno atendimento de
suas atribuições relacionadas a cada agente de tratamento e inexista conflito de
interesse.
§ 1º O conflito de interesse pode se configurar:
I - entre as atribuições exercidas internamente em um agente de tratamento
ou no exercício da atividade de encarregado em agentes de tratamento distintos; ou
II - com o acúmulo das atividades de encarregado com outras que envolvam a
tomada de decisões estratégicas sobre o tratamento de dados pessoais pelo controlador,
ressalvadas as operações com dados pessoais inerentes às atribuições do encarregado.
§ 2º A existência de conflito de interesse será objeto de verificação no caso
concreto e poderá ensejar a aplicação de sanção ao agente de tratamento nos termos do
art. 52 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018.
Art. 20. O encarregado deverá declarar ao agente de tratamento qualquer
situação que possa configurar conflito de interesse, responsabilizando-se pela veracidade
das informações prestadas.
Art. 21. O agente de tratamento deve atentar para que o encarregado não
exerça atribuições que acarretem conflito de interesse.
Parágrafo único. Uma vez constatada a possibilidade de conflito de interesse, o
agente de tratamento deverá adotar as seguintes providências, conforme o caso:
I - não indicar a pessoa para exercer a função de encarregado;
II - implementar medidas para afastar o risco de conflito de interesse; ou
III - substituir a pessoa designada para exercer a função de encarregado.
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA
ATA DA 312ª SESSÃO ORDINÁRIA DE DISTRIBUIÇÃO
REALIZADA EM 16 DE JULHO DE 2024
Dia: 16/07/2024
Hora: 15h36
Presidente Substituto do CADE: Conselheiro Gustavo Augusto Freitas de Lima
Secretária substituta do Plenário: Jeruza Huckembeck Pardo
A distribuição será realizada em blocos, de modo que os processos sejam
sorteados aos Conselheiros, excluindo-se os nomes dos sorteados anteriormente, até que
reste uma opção, mantendo-se, desta forma, uma distribuição numericamente igualitária,
nos termos do §1º, artigo 36 do Regimento Interno do Cade. Na 308 ª SOD, na 309ª S O D,
na 310 ª SOD, na 311 ª SOD e na 91ª SED foram sorteados os Conselheiros Carlos Jacques
Vieira Gomes, Conselheiro José Levi Mello do Amaral Júnior duas vezes, o Conselheiro

                            

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