DOMCE 20/12/2024 - Diário Oficial dos Municípios do Ceará

                            Ceará , 20 de Dezembro de 2024   •   Diário Oficial dos Municípios do Estado do Ceará   •    ANO XV | Nº 3614 
 
www.diariomunicipal.com.br/aprece                                                                               30 
 
PAÇO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ICAPUÍ-CE, AOS 
13 DE DEZEMBRO DE 2024. 
  
RAIMUNDO LACERDA FILHO 
Prefeito Municipal 
  
ANEXO ÚNICO – LEI MUNICIPAL Nº 1006/2024, DE 13 DE 
DEZEMBRO DE 2024. 
  
DEPARTAMENTO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL 
PARECER TÉCNICO AMBIENTAL 
ICAPUÍ – CEARÁ 2024 
  
PROCESSO Nº: 
INTERESSADO: Secretaria de Cultura e Turismo de Icapuí 
CPF/CNPJ: 
ASSUNTO: Relatório técnico para regulamentação da prática de 
Kitesurf 
LOCAL: Icapuí COORDENADAS UTM: 
DATA DA VISTORIA: 
  
1. LOCALIZAÇÃO 
  
O município de Icapuí localiza-se na porção mais oriental do Nordeste 
brasileiro. Compreende parte da zona costeira cearense, a Nordeste do 
estado, no extremo litoral Leste, inserido na bacia potiguar e, em 
termos regionais, na sub-bacia hidrográfica do Baixo Jaguaribe. 
Os limites geográficos são: oceano Atlântico ao Norte, ao Sul o 
município de Aracati e o estado do Rio Grande do Norte, ao Leste o 
Oceano Atlântico e a Oeste o município de Aracati (SILVA, 2012). O 
mapa 01, traz detalhe da localização do município de Icapuí, com 
gradiente de amplificação regional. 
  
Figura 1 – Mapa de localização de Icapuí 
Fonte: Silva (2021) 
  
O município stá georreferenciado sob as coordenadas S 4º 42´47´´e W 
37º 21´19´´, com uma área de 423,446km² (IPECE, 2010). Icapuí tem 
3 distritos, sendo eles: a Sede (também chamada de Icapuí), onde se 
concentra maior população, Ibicuitaba e Manibu, estando estes 
dispostos ao longo da CE 261. A faixa litorânea compreende 64 km de 
praias, com reentrâncias de estuários (Barra Grande e Arrombado), 
promontório da Ponta Grossa e enseada da Redonda. 
  
2. CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL 
  
Os componentes geoambientais da planície costeira estão relacionados 
à processos fisiográficos, biológicos e sociais que compõem a zona 
costeira de Icapuí. São interligados por fluxos de matéria e energia. 
Estes aspectos moldam as paisagens e permanecem na dinâmica 
constante da atuação de fluxos marinhos e terrestres estruturantes 
espaço temporais, pelos processos eustáticos durante o Neógeno, 
evidenciados por Meireles (2012), para os estudos da evolução 
morfológica da planície costeira cearense. 
O litoral de Icapuí apresenta aspectos geomorfológicos associados à 
eventos geológicos estruturais, que atuaram na composição do relevo 
atual, a fatores morfogenéticos e a variações climáticas através dos 
processos de mudanças relativas no nível do mar (SILVA, 2021). 
Estão representados na planície costeira do município os principais 
sistemas ambientais como praia, restinga, dunas, estuários, falésias, 
lagoas costeiras, falésias e tabuleiros. 
Ao longo do litoral, especialmente no trecho entre a praia de Barreiras 
da Sereia a Retiro Grande ocorrem a presença de falésias vivas, as 
quais resultaram da ação processual da abrasão marinha ao longo do 
tempo, que podem ser vinculadas a mecanismos morfogenéticos, 
remontando aos processos dinâmicos da atualidade que exercem 
função de transformação da paisagem (CASSETI, 2005). 
As variações geológicas e temporais atuaram de forma fundamental 
nas feições morfológicas e paisagísticas a partir de um traço 
longitudinal abrupto, com altitudes variantes, formas e cores o que 
garante ao local uma paisagem de valor inestimável. 
A ruptura da planície que dá origem as falésias, sofre influência 
marinha direta, com desgastes ao longo do tempo e atualidade, 
falésias vivas, que mantem contato com a linha de praia e que mesmo 
afastadas da ação das ondas podem ser atingidas por de tempestades 
(MEIRELES, 2012). 
  
Figura 2 – Paredão de falésias entre Redonda e Ponta Grossa 
Fonte: Silva (2021) 
  
As falésias no litoral de Icapuí surgem como ponto fundamental no 
esboço do relevo da área vistoriada. Assim, faz-se uma análise 
compreendendo 
os 
setores 
de 
atuação 
marinha, 
direta 
ou 
indiretamente, considerando os níveis de flutuação marinha do 
pleistoceno/holoceno e, processos de aplainamentos nas superfícies 
tabulares por prolongamentos erosivos, intemperismo e, condições 
tectônicas e climáticas correlacionadas. 
Evidencia-se que neste trecho do litoral, o tráfego em alguns pontos 
pela faixa de estirâncio, dependem do nível de subida e descida das 
marés, que ainda exercem abrasão na plataforma e sopé das falésias 
durante as marés altas, podendo trazer risco para veículos e pedestres 
durante a travessia desses trechos, a saber: Trecho entre Barreiras da 
Sereia e Praia de Picos, trecho entre Picos e Peroba, trecho entre 
Peroba e Redonda e trecho entre Redonda e Ponta Grossa. Considere-
se também plataformas de abrasão e rochas de praia ao longo deste 
percurso. 
Sobre o promontório da Ponta Grossa destaca-se um campo de dunas 
com elevação média de 73m. estas dunas encontram-se em três 
estágios: fixas, semifixas e sua maioria é composta por dunas móveis. 
As dunas regulamentam o balanço sedimentar dos ambientes 
costeiros, há um processo harmônio de transporte e deposição de 
sedimentos que, nos setores da Ponta Grossa, permite que o setor 
Oeste do promontório, receba elevada quantidade de sedimentos e 
mantenha sua regulação (SANTOS, 2016). As dunas ainda estão 
associadas a serviços ecossistêmicos de provisão e regulação, 
principalmente, relacionadas ao abastecimento de água. 
  
Figura 3 - Campo de dunas sobre o tabuleiro e setores de sítios 
arqueológicos 
Fonte: Google hearth (2021) 
  
Evidencia-se ainda que as dunas cavalgam sobre o tabuleiro no 
sentido dos fluxos eólicos, embalados pelos ventos alísios que sopram 
de Leste para Oeste, movimentando o campo de dunas em direção a 
comunidade. Ainda, sob o campo de dunas há registro de sítios 
arqueológicos1 com registros de populações que habitaram estes 
setores do litoral antes da invasão dos portugueses, bem como 
resquícios deixados pelos invasores. 
Nos setores do litoral que se estende no sentido Leste, partindo da 
comunidade de Barreiras da Sereia até a praia do Ceará, na fronteira 
com o município de Tibau, no Rio Grande do Norte, as feições 
geomorfológicas apresentam heranças fisiográficas de movimentos 
eustáticos, como paleofalésias e terraços marinhos. As paleofalésias 
resultantes da erosão marinha e movimentos eustáticos e processos 
erosivos pluviais desde o pleistoceno-holoceno, o que ocasionou a 
progradação da linha de costa, imprimindo heranças fisiográficas dos 
eventos eustáticos e neotectônicos. 
As paleofalésias ocorrem no limite entre as formas continentais 
estendendo-se a noroeste como tabuleiro litorâneo e a sudoeste a 
planície marinha e fluviomarinha, que sofreram os efeitos das 
variações do nível do mar e deram origem aos setores de terraços 
marinhos e planície de maré (SILVA, op cit). Entre as praias de 
Barrinha e Placa, aparece um extenso banco sedimentar (bancos dos 
cajuais), com canais de maré que formam o delta de maré e estuário 
da Barra Grande. A Barra Grande, compreende área de grande valor 
ecológico, com definição clara de serviços ecossistêmicos e, fluxos 
interligados de matéria, energia e biodiversidade. 
O banco de Cajuais é representado por morfologia de delta de maré e 
compreende uma formação marinha (intermareal), com 6km de 
extensão (média) e largura de aproximadamente 3km. Está situado na 
plataforma O banco de Cajuais é representado por morfologia de delta 
de maré e compreende uma formação marinha (intermareal), com 6km 
de extensão (média) e largura de aproximadamente 3km. Está situado 
na plataforma continental de Icapuí com maior ocorrência entre as 
comunidades de Placa, Requenguela e Barrinha, sofrendo influência 
marinha diária, estando parte do tempo submerso (SILVA, 2012). 
Evidencia-se os setores do banco dos Cajuais, do manguezal da Barra 
Grande, setores de salgados e início da restinga, estão demarcados 

                            

Fechar