DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS Manaus, quarta-feira, 07 de maio de 2025 2 A 26ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO) apresentou uma noite de imersão e inclusão voltada para as pes- soas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com o espetáculo adaptado “Ópera no Mundo Azul”, fazendo com que os jovens vivenciassem uma verdadeira récita de ópera, no Teatro Ama- zonas, no dia 24 de abril, em homenagem ao mês de conscientização sobre o autismo. “É muito bonita a sensação que a gente tem aqui no palco. É de amor mesmo, de um amor puro. Ano passado, quando a gente fez, eu tive uma coisa assim de falar: ‘Nossa, como é que pequeno gesto pode trazer tanta felicidade?’ Eu vejo nos olhos deles que estão felizes. E essa energia contagia, ela volta, só que volta em do- bro”, frisou o diretor musical e maestro Marcelo de Jesus, após o espetáculo, enquanto estava rodeado de crianças e jovens com TEA, todos animados e encantados com a apresentação. Marcelo de Jesus pontuou que a ópera tem um enorme potencial como ferramenta de inclusão para pessoas do espectro autista, ao oferecer experiências sensoriais ricas e oportu- nidades de engajamento artístico. “A ópera combina música, teatro, artes visu- ais e movimento corporal, criando um ambien- te envolvente que pode ser profundamente estimulante para pessoas autistas. Muitos in- divíduos do espectro têm uma forte afinidade com padrões sonoros e musicais, e a ópera, com suas repetições melódicas e estruturas rítmicas, pode oferecer uma experiência praze- rosa e previsível”, afirmou Marcelo de Jesus. E acrescentou que a riqueza emocional das árias pode ajudar no desenvolvimento da empatia e da comunicação emocional. Inclusão Na plateia, a funcionária pública Virgínia Bar- ros levou, pela primeira vez, o filho Vinícius, de 21 anos, autista com grau mais severo, ao es- petáculo. “Antes, por causa do autismo severo, era difícil trazer. Mas ele está bem trabalhado e a gente consegue controlá-lo na maior parte do tempo. Eles se sentiram felizes. Eles sentem a música, eles movimentam o corpo e eles se sentem bem”, ressaltou a mãe de Vinícius. Durante a apresentação do Ópera no Mundo Azul, o pequeno Noah Malheiro, de 7 anos, ao lado da professora Bárbara Soares, mostrou se- gurança e dedicação ao tocar no violino as músi- cas “Marcha Soldado” e “Laranjada Doce”. Aluno dedicado e filho do maestro Luiz Fernando Ma- lheiro, Noah gosta de seguir uma rotina, saber o que vai acontecer primeiro e o que vai acontecer depois. “A gente tem toda uma estratégia para trabalhar com ele. E ele é um excelente aluno, ele estuda todo dia”, contou a professora. Vibrações Após o espetáculo e ainda encantado e emo- cionado com a interação da plateia presente no Teatro Amazonas, Marcelo de Jesus afirmou que concertos como o Ópera no Mundo Azul fazem com que os músicos saiam de sua zona de conforto. E o que antes parecia ser caótico para quem está de fora, assistindo aos jovens correndo pelo palco, batendo palmas, gritando, perce- beram que eles começaram a entrar no mundo da música, sentir as vibrações. A música, que começou baixo, foi evoluindo até chegar ao ápice, como se fosse um “grand finale”. “Talvez não dê para ouvir uma ópera inteira, mas eles ouviram ‘Carmen’, ouviram ‘La Bohè- me’, ouviram ‘O Barbeiro de Sevilha’, então isso já é uma forma de inclusão. Eu tenho certeza que todos os músicos saem daqui com felicida- de, com amor no coração, verdadeiro”, finalizou o maestro Marcelo de Jesus. Apresentação adaptada, gratuita, no Teatro Amazonas, faz parte da programação do 26º Festival de Ópera do Amazonas Ópera no Mundo Azul apresenta noite de inclusão para crianças com Transtorno do Espectro Autista Antonio Lima/Secom Marcely Gomes/Secretaria de Cultura e Economia Criativa Crianças e jovens experimentam ocupar o palco, correndo, batendo palmas, gritando e começam a entrar no mundo da música, sentindo as vibrações, em volume baixo até chegar ao “grand finale” VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃOFechar